: Raridades & Idiossincrasias* versão 2.0 :
terça-feira, dezembro 30

Bueno pibes, aqui estou mais uma vez para não deixar nenhuma das minhas fãs sem notícias... mas não se animem muito, meninas, a patroa tá aqui em Recife e ela tem fama de braba (apesar de que fica bem mansinha quando eu chego perto do cangote...)

Os últimos dias têm sido legais, "a poca madre" como diria a Verõ, lá do México. Aliás, ela me escreveu, mas como estou correndo não vou responder agora (sorry Vero!). Não sei nem porque parei aqui no cybercafé para postar, estava indo jantar (com a patroa, é claro...) e decidi meio no susto, mas é a vida. Ela tá aqui do meu lado, supervisionando, just making sure I´m not posting anything really stupid or compromising...

Ontem fomos ao Recife Antigo, demos uma banda a pé por lá, depois fomos no Paço Alfândega, um shopping novo que abriu por lá. Sofisticado o bichinho, tem até boutique do Fause Haten! É, Recife está virando uma cidade realmente cosmopolita, apesar de ainda não muito limpa. Minhas grandes decepções por aqui têm sido por causa da sujeira de alguns lugares, principalmente lá no pontal de Maria Farinha, que tava imundo quando fui agora. Um absurdo.

Estou meio correndo e meio sem criatividade, mas não deixo sem novidades. A maior por aqui é um forró novo, a "melô da corrinha", basicamente um diálogo de um cara perguntando se bota ou não bota, e uma vozinha respondendo "Ai, eu tô com medo..."

Boa virada de ano pra vocês. Mais notícias em breve.

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RAFA @ 16:28 tic-tac-tic-tac

quarta-feira, dezembro 24

Pois é, muitos dias sem escrever nada aqui... mas não pensem vocês que estou largando essa cachaça que é escrever no blog. O problema é que agora estou em Recife, e não tenho internet. Ou melhor, tenho: a de acesso discado de um 486 com 16 de RAM, sendo 14 ocupados por vírus, caindo aos pedaços, à qual só posso usar em algumas noites durante a semana - e melhor não contar com isso. Ou seja, estou digitalmente ilhado. Antes disso, não conseguia postar pelas milhares de coisas a resolver antes de viajar. Obviamente, também tinha esquecido que ter namorada valem no mínimo 20 créditos...

Mas vamos lá. Antes de viajar fui ao dermatologista para um exame detalhado, e o diagnóstico do doutor high-tech foi bombástico: tenho hipersensibilidade à luz do sol. Segundo o Mr. Spock da dermatologia, eu não deveria nem sair de casa sem protetor 15 (no mínimo!), e a luz do sol é a principal causa de vários problemas endócrinos meus, dentre eles a acne. That meaning, se eu não tomar sol, não terei espinhas. If only it was that simple...

Mais tarde fui tomar um chopinho com a turma lá no Bar Brasil. Ainda bem que foi pouca gente pra assistir meus pais e suas eternas sessões de pagação de mico conjunta. Mesmo assim foi legal. O primeiro aniversário que passo em casa em 7 anos. Um after hours depois, e quedó todo perfecto...

E finalmente a estrada... saímos às 13 horas do dia 19, sob alguma tensão pré-viagem. Antes disso, consegui trocar o vale-CD que ganhei do Fábio por uma coletânea do R.E.M. muito boa, mas longe de ser completa (não tem nem Lotus nem It's the end of the world as we know it pra vcs terem uma idéia). Merecia um duplo. Anyways, o day one da road trip foi tranquilo, dormimos no batalhão já na Bahia, em Barreiras, sem surpresas.

O day two é que foi dose. Fomos informados que só tinha um buraco no trecho de Ibotirama até Seabra: o que começava na primeira e terminava na última. Pegamos então um desvio nada convencional: 160 km no meio do nada no sertão baiano até Barra, e aí uma travessia de balsa (ou seria uma tábua com motor?) até Xique-Xique, onde almoçamos. E não que descobrimos que essa cidade fica bem no polígono dos tornados? Um vento (quente, bem quente) virou todas as cadeiras do lugar onde estávamos comendo, e só não nos levou junto por milagre. Com a estrada um pouco melhor, levei a trupe de Irecê (onde a Igreja Universal está construindo sua capital, suponho) até Feira de Santana, nossa parada. Lá, descobrimos que o alojamento do quartel, que estava confirmado para nós, não estava disponível - coisa de infantaria. Depois de bater em uns 3 hoteizinhos sem vagas, fomos dormir em um que era tão tabajara que conseguia ser bem pior do que aquele que dormimos em Floripa no Conesul que a gente foi lá (alguém aí lembra do Astro-Rei?). A parada não foi nada cômica não. O quarto era tão ruim que teva a manha de me dar uma das piores noites de sono da minha vida.

O day three foi bem mais tranquilo. Caímos fora do hotel (se é que merece o título) as soon as we could, e pegamos a estrada. Almoçamos em Penedo, às margens do velho chico, em uma vista maravilhosa do rio, bem melhor do que as águas barrentas de Xique-Xique. Levei o trecho final, entre Maceió e Recife, pelo caminho mais longo mas mais bonito e menos esburacado: pelo litoral, beirando a praia. Deu até pra dar uma espiada em empreendimentos imobiliários no litoral sul do PE, e assim que cruzamos a fronteira cantar "nova roma de bravos guerreiros/ Pernambuco, imortal, imortal".

Desde então estou aqui, "jogado às traças, esquecido"... a tosse que eu estava em Brasília piorou pra caramba, e fiquei os últimos dias de molho em casa. Se eu já odeio ficar doente, vcs podem calcular o que é chegar em Recife e ficar preso em casa sem poder fazer nada. Dei uma saidinha até o shopping Tacaruna, nothing meaningful. Cheguei, mas ainda não CHEGUEI. Entendem?

E além da tosse, many family issues. O clã está passando por uma crise meio séria, gente doente, dis-que-me-disse, algumas informações desencontradas... mas acho que já melhora, a matriarca chegou ontem e já começou a botar ordem no quintal dos Rodrigões.

No mais, como não sei quando vai dar pra postar de novo, desejo a todos um ótimo fim-de-ano. Não tenho e-mail nem o telefone de mais ninguém, por isso nem esperem minhas ligações. Não é por mal, mas fiquei sem pai nem mãe depois que levaram meu celular. Mas se até a Gê me mandou e-mail de Paris, vcs bem que podiam me mandar um também pra contar como anda a vida, né?

See ya round!

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A patroa chega aqui dia 27. É, mal tem um mês, e a dita cuja já tá conhecendo até o povo de Recife. Até lá a gente tenta melhorar da tosse, e escuta Sunday Morning Call do Oasis pra lembrar daquele dia que a gente ficou zanzando de carro sem o menor rumo nem noção do que estaria por vir...

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RAFA @ 17:25 tic-tac-tic-tac

quinta-feira, dezembro 18

Pessoal, as coisas têm estado tão movimentadas que não tenho tido tempo de postar nada aqui. Na verdade, continuo não tendo... tenho muita coisa para arrumar antes de pegar a estrada amanhã pra Recife. O que é pior, ontem roubaram meu celular lá no Conjunto Nacional, por isso que não tenho estado muito achável...

Vou tomar um chope no fim da tarde com a turma daqui de casa pra comemorar o dia. Quem quiser, dá uma ligada aqui em casa (ou manda um e-mail, vou passar o dia todo arrumando as coisas no meu quarto).

Cheers!

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RAFA @ 02:32 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, dezembro 15

Pois é galera, sumi da civilização. Sábado de manhã viajei para a fazenda da Talita lá em Planaltina, e só voltei ontem à noite. Sem televisão, sem computador, nada.

Antes disso, na sexta, fui na festa da empresa da família dela. É uma firma de táxi aéreo, e a festa foi no hangar, entre os aviões. Conheci o pessoal, joguei conversa fora... mas bom mesmo foi quando me chamaram pra conhecer as máquinas por dentro. Fiquei que nem criança, babando... todas aquelas bússolas e relógios no painel de controle me fascinaram. Um dia ainda tiro meu brevê de piloto.

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É difícil contar o número de pequenos prazeres lá da fazenda. Cheiro de capim, tomar leite de vaca tirado no dia, fazer fogueira e assar carne, comer danoninho e pão-de-batata de madrugada... mas bom mesmo foi tomar banho com a água ao natural - nem morna, nem fria - e olhar pro céu de noite e ver TODAS as estrelas.

Aliás, melhor mesmo foi a companhia. Mas isso é outra estória...

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De sexta pra cá foram muitas as experiências novas. Dá pra assustar como a nossa vida é construída sobre fundações tào frágeis. Mas viver é uma grande doença terminal: sabemos exatamente qual vai ser o final, só não sabemos bem como.

Viver é correr riscos. Atravessar a rua é correr riscos. Temos que lidar com eles de maneira responsável, mas nunca se negando a corrê-los. Acho que foi a lição que aprendi nos últimos dias.

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RAFA @ 09:25 tic-tac-tic-tac

sexta-feira, dezembro 12

O dia de ontem vai ficar marcado na minha memória. Pode parecer a maior viagem do mundo, mas ontem tive a sensação de estar nascendo de novo.

Ontem não consegui resolver quase nada da lista de coisas que eu tinha pra fazer. Mas, como havia combinado com a Marina, fui na FA tomar conta dos livros que o AMUN vai vender lá em SP. Fiquei lá com a Tá das 5 às 8, jogando conversa fora e tomando tereré. Às 8 tive que ir para a reunião do Grupo de Estudos de Segurança Internacional, e a Tá foi aprender a jogar xadrez no CA de História.

Haviam me dito que a palestra do GSI era com um especialista no conflito Peru-Equador, mas não me disseram quem seria. Pra minha surpresa, era o Cel. Orlando, lá do MD, um cara realmente muito bom. Ele foi adido no Peru justamente na época da assinatura do acordo de paz, que ele e o Embaixador Viegas ajudaram a redigir.

Foi uma das melhores palestras que já fui. Éramos só meia dúzia na sala, um clima de conversa, e o cara lá contando os causos de como tinha sido os meandros da assinatura do acordo, a negociação com os presidentes dos dois países, o vôo pra Quito pego às pressas, os causos engraçados, a correspondência diplomática entre o FHC e o Fujimori... muito massa mesmo.

Nisso, dava pra ouvir o barulho das pessoas chegando no andar de baixo. Era a turma esperando o ônibus pra ir pro MONU. Na hora me deu uma sensação estranha, um aperto... queria ir lá pra dar um oi pro pessoal. Na verdade acho que no fundo queria ir junto. Mas os causos que o Orlando estava contando não eram de simulação. Eram de verdade.

Quando a palestra acabou, desci pra ir embora. O ônibus já tinha saído, e não havia mais ninguém no prédio. Nesse momento foi que caiu a ficha do que tinha acabado de acontecer: o ônibus do MONU saiu, e eu não estava nele. É o primeiro modelo em 4 anos que não participo com a UnB. Mas, em vez do vazio, vi a porta que estava se abrindo pra mim. A simulação tinha acabado pra mim no momento em que a porta do ônibus fechou no estacionamento da FA. Agora, chegou a hora de fazer diplomacia de verdade, com gente de carne e osso.

Pode paracer frescura, mas a coisa de modelos foi muito marcante pra mim. Foi o que me trouxe para o curso de Relações Internacionais, e o que me manteve nele até o final. Aprendi muito mais estudando para as simulações e para escrever os guias do AMUN e SiNUS do que em todas as aulas que fui durante a graduação. O meu tempo no CSOI também foi uma baita escola, pessoal e academicamente: aprendi a real dimensão de palavras como caráter, honra, dignidade e profissionalismo. Foda é imaginar que tudo isso aconteceu por acidente, porque conheci o Leandro num treinamento para professor na Wizard, e porque a Fernanda desistiu de ir ao AMUN de 2000 e a delegação da Itália estava precisando de alguém pra completar o Legal Committee. Óbvio que só me chamaram porque eu fazia Direito...

My job is almost done. Tenho ainda que coordenar as atividades paralelas do AMUN 2004. Mas mesmo isso não vai ser simulação. Ontem, tive a sensação de estar quebrando a casca do ovo e vendo a luz pela primeira vez. Desde a primeira aula de IERI com o Kramer há quase quatro anos até agora muita coisa se passou, e sei que muito ainda está por vir. Mas posso dizer que o ciclo de formação universitária acabou pra mim numa noite de quinta-feira, com um prédio vazio depois do ônibus do MONU ter saído pra SP. I've found my way out of the wild wild wood, straight into the land of giants.

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Engraçada também foi a conversa que tive com o Felipe lá do GSI. Ele tambem foi delegado do AMUN 2000, no Conselho, e estávamos lembrando dos causos daquele modelo. O mais engraçado é que ele também gostava de caras que foram pra mim as maiores referências na graduação: o Jhoney, Renato e a Bárbara. Talvez eles nunca saibam - duvido que eles leiam isso aqui - mas eles de fato foram aqueles que mais me influenciaram nessa estrada de modelos. Devo quase tudo a eles. Estranho essa coisa de gerações, né?

Depois, fui no Marvin com a Tá. Um lugar perfeito pra acabar o dia, ainda mais quando se ouve uma cantora com a voz entre Billie Holiday e Janis Joplin...

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Aos que foram ao MONU, ótima sorte! Estejam comigo em espírito, e que vocês possam levar adiante a cultura de uma forma melhor do que a minha geração. Agora, nos resta fossilizar...

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RAFA @ 04:15 tic-tac-tic-tac

quinta-feira, dezembro 11

Uma manhã de ótimas notícias! A Pretinha foi contratada lá no UNODC até abril, e o Pedro parece que vai dar uma esticada pra Taiwan. Tem o baixo também, que eu acho que vou comprar mesmo. Fico muito feliz com tudo isso. Cheers!

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Ontem foi um dia corrido. Passei a tarde nos corredores da burocracia da UnB, tentando descobrir porque não incluíram no meu histórico a minha aprovação no exame de espanhol. Sinceramente, os burocratas da UnB estão entre os piores do serviço público. Além de ineficientes, são mal-educados, gritam, se exaltam, não sabem ter uma conversa civilizada com absolutamente ninguém. E, além disso, o próprio esquema é mal-desenhado. A falha é na execução e também no planejamento.

Deve ser um banquete pra quem estuda as deficiências do serviço público. Tem 4 anos que estudo na UnB, e acho que tudo poderia ser bem diferente por lá se houvesse um pouquinho de vontade...

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Visitei a galera lá no MD, depois vi as coisas da Geisa lá no MJ, lanchei com a Prets, peguei a Tá, fui ver o baixo na Octogonal, e depois fui na apresentação da orquestra de choro no Teatro Nacional. Foi bem massa, apesar da cerimônia de entrega de prêmios que teve antes, que foi bem chata e cansativa, mas que mesmo assim foi útil pra aprender um pouco sobre projetos de preservação de capelas no interior de Minas e de pinturas rupestres...

Quem precisa de jazz quando se tem choro? É claro que não tem muita comparação, o jazz é muito mais rico em termos de diversidade de instrumentos e de fraseados possíveis, mas os dois servem basicamente ao mesmo propósito, que é de ser esse tipo de música chill-out. E o choro toca fundo na alma brasileira...

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Acho um absurdo não ter lugar legal pra comer em Brasília depois da meia-noite. E acho um CRIME o Habib's ter deixado acabar as esfihas de frango ontem! Tivemos que matar a fome no trailer lá da 411. Um besurrrrdo!

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Estou pensando em radicalizar por aqui. O blog passou a maior parte do dia fora do ar ontem, e além disso tem essas propagandas feias aí em cima, então tô achando que vou mudar de provedor já já. Justo hoje, que o blog faz dois meses...

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RAFA @ 06:15 tic-tac-tic-tac

quarta-feira, dezembro 10

Ontem saí pra tomar uma ceva com a turma lá no Bar do Profeçor (quem é de Brasília sabe que o original é com cedilha mesmo). Antes, comi um crepe no pier com a respectiva. Caralho, tô gastando muito...

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Senhores, tenho o prazer de linkar uma das melhores sessões de fotos dos últimos tempos. Luciana, você é foda.

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Nessa onda de xilogravuras japonesas, olha só essa:



Não sei o nome nem o autor, mas achei bem fera. E antes que alguém pergunte, não, eu não gosto de mangás nem de nenhuma dessas besteirinhas japonesas que aparecem. Meu negócio é com arte de verdade, e Pokemon de c% é r&#$.

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Engraçado como sua percepção de estética muda a partir de comentários... por exemplo, ia dar de presente de fim-de-ano* pra Talita um pôster do Romero Britto. Idéia nada original, já que o Pedro deu um pra Camila uns tempos atrás, mas enfim... tava me achando o máximo pela sacada. Aí, pra testar, fiz um comentário ontem pra saber se ela conhecia o cara. E não é que conhecia, e não gostava? Pois é. Falou que nem via nenhuma graça. Mas o negócio foi mesmo quando ela falou porque. Disse que se ela quisesse desenhinhos infantis, faria ela mesma. Pronto, agora tô achando o Romero Britto uma bosta...

* Presente de fim-de-ano porque ela, como eu, também odeia natal. Mas não é por isso que a gente deixa de se contaminar pela onda consumista e dá umas lembrancinhas, não é mesmo?

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Ao som de Get busy do Sean Paul e Powerless da Nelly Furtado. Tenho estado altamente radiofônico...

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RAFA @ 06:28 tic-tac-tic-tac

terça-feira, dezembro 9

Estou experimentando coisas novas no visual do blog. Eu tava meio enjoado do relógio da Grand Central, então resolvi substituí-lo pela Grande Onda do Hokusai. Vejam aí se ficou legal.

Com certeza vou mudar mais coisa, sei lá, só pra exercitar a criatividade mesmo. O problema, como sempre, é o tempo. Estou em um estado muito esquisito de quase-férias, não tanho mais aulas nem trabalho, mas ainda muito a fazer. Vamos ver no que dá essa confusão toda. Aguardem e confiem!

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RAFA @ 07:29 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, dezembro 8

Tem coisas que eu, apesar de reconhecer a importância, não consigo ver muita graça. Chico Buarque e irmãos Campos, por exemplo. As letra do Chico até que são boas, mas a voz dele... sei lá, não me apetece muito, me soa quase caricatural. A Ana Carolina cantando as letras dele é beeem melhor. Já os irmãos Campos... hmmm... a obra deles já é uma coisa meio óbvia (não vejo semiótica nenhuma no que eles fazem), e além de tudo, são arrogantes e vaidosos.

Digo que não vejo semiótica porque me interesso muito pela matéria. Desde a quarta série, quando comecei a estudar português com uma gramática do Cegalla, acho engraçado a aparente oposição entre semântica e a sintaxe. Na facul, quando ouvi mencionarem linguística e semiótica pela primeira vez, numa palestra, fui direto na biblioteca saber o que era. Aí não larguei mais. Acho que tenho uma visão meio pessoal de tudo isso, nem tanto à sintaxe e à forma, nem tanto à semântica pura. Depois falo melhor disso.

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RAFA @ 16:58 tic-tac-tic-tac

domingo, dezembro 7

Hoje foi um dia cheio. Almocei num buffet muito ruim lá no Parkshopping com a família, depois fui ver a muié, que chegou dos Unaí. Depois, fui com ela numa apresentação da banda dos fuzileiros lá na praça dos 3 poderes. Tocaram a favorita de todo mundo aqui de casa, a abertura solene da 1812 de Tchaikovsky, com direito a canhões. Emocionante, como sempre.

Depois, o amigo-secreto do AMUN... foi bem legal, against all my expectations. O foda é que não foi por querer, apenas não achava que ia ser bacana, com tanta gente diferente. Que bom que eu estava errado. Também, com o Adam fazendo palhaçada, anima até enterro...

Enfim, foi massa, apesar do meu quase-piripaque na chegada, e de mais da metade das pessoas terem comprado presentes na Siciliano (eu incluído). As "estrelas" da noite (digo, os presentes mais dados mesmo) foram o livro do Chico, Budapeste, o CD da Maria Rita, e coisas da Imaginarium. Ou é falta de criatividade, ou é a saída para quando nào se conhece muito bem a pessoa que se vai presentear.

Acabei ganhando o "Standing on the Shoulder of Giants" do Coutinho, e dando pra Fabi um livro do Ruy Castro sobre o Rio, Carnaval no Fogo. Gostei tanto do livro que o dei de presente. Aliás, ao que parece, esse livro é parte de uma coleção que vão fazer sobre várias cidades do mundo, a partir da visão de escritores consagrados. Estou muito curioso pra ver quais serão as próximas.



Apesar do título, o livro não é sobre o carnaval. Recomendo fortemente. Aqui vai um trechinho do capítulo 1:

"Em todos os tempos, para quem vem de avião ou navio, a chegada ao Rio costuma ser tão espetacular que provoca essas alterações na percepção. Já devia ser assim no verão de 1502, quando uma esquadra portuguesa, comandada por Gonçalo Coelho, adentrou pela primeira vez a baía de Guanabara. Seu piloto-mor, o florentino Américo Vespúcio, pensou que a baía fosse a foz de um rio. E, como estávamos em 1º de janeiro, chamou o lugar de Rio de Janeiro - nome que todos adoramos e imediatamente simplificamos para Rio. Mas os historiadores até hoje se perguntam como Vespúcio, um piloto escolado nos sete mares, bamba em cosmografia, conseguiu confundir uma baía com um rio. Bem, ele pode ter se sentido esmagado pelo cenário da Guanabara, e, nesse caso, não teria sido o único - apenas o primeiro. Mas há também uma tese segundo a qual, em português arcaico, "rio" seria apenas um outro nome para "baía". Donde, se for o caso, Vespúcio não errou. E, considerando-se seu currículo, era bom não subestimá-lo em matéria de nomenclatura. Por exemplo: Colombo pode ter descoberto a América - mas quem inventou a expressão "Novo Mundo" e acabou por emprestar o nome ao recém-descoberto continente? O audaz Américo Vespúcio - o mesmo que batizou o Rio.

(...) Vespúcio também reconheceria alguns hábitos antigos. Boa parte dos nativos ainda viveria praticamente nua pelas praias. Em certa época do ano, não fariam outra coisa exceto cantar e dançar ao som de tambores, só que cobertos por estranhas fantasias e parecendo obedecer a uma espécie de coreografia. E os casebres que agora tomavam os morros pareceriam rústicos e espontâneos como as choupanas originais, com a diferença de que não seriam mais de palha, mas de madeira e alvenaria. Se descesse do navio e desse um bordejo pelas ruas, Vespúcio ver-se-ia numa cidade antiga e moderna, acolhedora e impessoal, recatada e permissiva, civilizada e bárbara, com contradições que, talvez mais que em outras metrópoles, o fariam sentir-se tanto no Paraíso quanto no Inferno. E, mesmo para ele, habituado aos mais ferozes covis de bucaneiros, tremendamente excitante."




Passei boa parte da minha infância e adolescência aqui, ao sopé desta pedra. Foram 6 anos, talvez os melhores da minha vida. De vez em quando dá uma saudade... o Rio é uma cidade linda mesmo. Bem melhor que São Paulo, definitivamente. Só não sei se essa beleza toda compensa o estresse de viver lá.

Quando tiver dinheiro, vou comprar uma casinha na Urca, o único lugar que realmente presta naquela cidade. Aí compro também um título de sócio-proprietário do glorioso Botafogo, e fico entre o Santos Dumont e o Arpoador. Vidaço, né?

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RAFA @ 08:12 tic-tac-tic-tac

sábado, dezembro 6

Essa é a melhor época do ano para estar em Brasília. E não é só porque chuva deixa a umidade do ar em um nível agradável. Como a cidade é muito arborizada, o bege-cáqui da estação seca dá lugar ao verde, com a grama bem-alimentada e as copas das árvores carregadas de folhas. É muito bonito, e me faz sentir bem. Entre a estação da poeira e da lama, fico com a da lama, mesmo com os acidentes no asfalto-sabão da capital.

Engraçado, porque a pior época é justamente o ano-novo. Já passei alguns reveillons aqui (acho que dois ou três) e posso dizer que não há lugar pior para estar na data. A cidade fica vazia porque as pessoas daqui fazem a sua rota migratória anual para perto do mar (Rio, Floripa, Fortal etc) e o máximo que rola de festa são uns shozinhos chinfrins que o Roriz arruma na esplanada, com queima de (alguns) fogos embaixo de chuva.

Só rola de passar legal mesmo se vc juntar um grupo de amigos pra falar merda e beber até cair. Não tem erro. Mas também, desse jeito, dá até pra passar o reveillon na Bósnia que tá de boa.

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Hoje foi uma noite regada a Schumann e Mozart. Fomos ver um filme na casa de uma amiga, mas como faltou luz, ficamos conversando à beira do piano.

Taí um instrumento que inspira respeito. O piano é imponente, classudo... o som se impõe na sala como se proibindo qualquer outro. Muito legal isso.

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RAFA @ 17:45 tic-tac-tic-tac

sexta-feira, dezembro 5

Hoje peguei o "nada consta" da biblioteca, e comprei o presente para o amigo-secreto do AMUN. Foi bom porque deu pra conversar amenidades com o pai, coisa que a gente não faz tem tempo. A muié tá nos Unaí, me deixou aqui largado, jogado às traças... mas hoje de noite não tem estória, vou pra vida bandida mesmo. Tô solto na buraqueira, virado nos móio de coentro... hehehehh

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Ontem foi a festa surpresa da Pretinha. Foi legal, mas teve um pequeno detalhe, e dos bem bizarros... imagina aí um bando de gurias lembrando (e pior, cantando) TODAS as músicas de axé e afins dos últimos 15 anos or so, tirando tudo do baú. É, isso mesmo... not really stimulating, is it?

Ainda bem que eu tava bem ocupado. Senão, tinha picado a mula...

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Sobre a expulsão da Heloísa Helena do PT, acho um absurdo. E não me venham com essa estória de que a "ética da responsabilidade" é diferente da "ética de convicção". Aliás, muito me impressionou o fato do Mercadante ter vindo com essa interpretação - totalmente errada, diga-se de passagem, pelo menos em minha humilde opinião.



No legislativo, só tem ética de convicção - Weber é bem claro nessa, apesar de ter sustentado essa categoria na religião. Quando o Congresso aprova uma lei, ele está decidido de que aquilo é o melhor para a sociedade, na esteira de que um ato de boa intenção só pode levar a bons resultados, e se leva a resultados ruins, a culpa é do mundo ou da estupidez de outros. Não há valoração sobre a 'deficiência média" das pessoas, como na ética de responsabilidade. Lei é lei, e se é o melhor pra todos, deve ser cumprida. E pra isso, quem a faz deve estar convicto de que os fins serão plenamente alcançados.

Se meus tempos como monitor do Kramer não me serviram de nada, pelo menos li o Política como vocação, e acho que entendi como deveria. Já já ponho nos links um ótimo, de textos e leituras do Weber.

Deixem a Heloísa Helena em paz, e diga não à ditadura dos partidos.

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A proposta apresentada pelo Alberto Fraga essa semana, de vincular a maioridade penal a uma decisão caso-a-caso, de acordo com o grau de discernimento do menor, não é ruim. Sou até favorável, salvo melhor juízo. Mas com certeza ainda não é o ideal. A lei brasileira sempre careceu de uma perspectiva de maioridade universalizável, que desse uma certa coerência às facetas civil, penal, eleitoral etc. Pra mim, maioridade é aos 18, e não se fala mais nisso.

Não sei se o projeto do Fraga prevê algum tipo de tratamento diferenciado no cumprimento da pena. Seria desejável... não dá pra imaginar um guri de 14 doing time numa cela com um cara de 30, por pior que tenha sido o crime.

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RAFA @ 14:43 tic-tac-tic-tac

quinta-feira, dezembro 4

O prêmio de coisa mais feia da TV vai pra essas propagandas que os apresentadores de programas de auditório fazem no meio do show. Sim, eu vejo programas de auditório na TV aberta, tipo Gilberto Barros e afins. E sempre troco o canal quando eles começam a fazer essas propagandinhas. Sempre.

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Almocei com a Pretinha ontem. Muito engraçado...

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O prêmio de enrolação do ano vai para... Mr. Rumsfeld, é claro! Olha só essa que saiu no UOL:

Questionado sobre a busca por armas de destruição em massa no Iraque, Rumsfeld soltou a língua: "relatórios afirmando que uma coisa não aconteceu sempre me interessam porque, como se sabe, existem coisas sabidas que se sabe; há coisas que sabemos que sabemos. Também se sabe que existem coisas desconhecidas de que sabemos; quer dizer que sabemos que existem algumas coisas que não sabemos. Mas também existem coisas desconhecidas que não conhecemos - aquelas que não sabemos que não sabemos".

Merece o prêmio ou não?

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RAFA @ 10:41 tic-tac-tic-tac

quarta-feira, dezembro 3

Hoje vi um episódio de série policial britânica muito boa. Não sei o nome, mas vou descobrir. O capítulo era sobre uma chefe de polícia em Londres, que investigava uma espécie de milícia sérvia que assassinava bósnios bem embaixo da fuça dos ingleses. Bom mesmo era que algumas cenas tinham altas pitadas de suspense psicológico, daqueles que fundem seus miolos, mesmo sendo uma série de grande circulação. Gostei.

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Aliás, é um dos assuntos mais interessantes em REL, a guerra na Iugoslávia. Pra quem achava que nunca mais se veria genocídio depois do holocausto... é preciso salvar o ser humano de si mesmo...

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Às vezes algumas pessoas me perguntam porque gosto tanto de estudar isso, digo, a Guerra (com G maiúsculo, a la Tolstói). É claro que tem a coisa do background de casa, desde que me entendo por gente converso isso com meu pai, que é militar. Mas acho que isso por si só não seria suficiente para me interessar tanto pelo assunto. Afinal, é tanto assunto que eu converso com meus pais... a influência de casa ajudou, mas definitivamente não foi determinante.

Normalmente respondo assim: a Guerra é o limite máximo da condição humana. Não é só a violência organizada, como muita gente descreve... é a própria fundamentação do absurdo. É um karma que nos acompanha desde a pré-história, e que a gente nunca conseguiu explicar direito. Já deram bons argumentos para explicar até o assassinato, mas a Guerra ainda não. Afinal, se estudar o indivíduo já é difícil, um fenômeno tão visceral, que nega a própria relação social que nos ancora como animais gergários, normalmente com a morte... isso sim é um desafio pra qualquer um que se proponha a entender a natureza do homem e das sociedades.

E nós brasileiros, vivendo na grande ilusão de que vivemos em um país pacífico... os números não mentem: só a violência de São Paulo mata o dobro da guerra entre israelenses e palestinos todo ano. Vivemos uma guerra civil todo dia, só nào temos a quem culpar senão nós mesmos.

É por isso também que gosto de Direito. O Rawls dizia que não há conciliação possível entre a força e o direito, pois se fosse assim a própria força ditaria qual deveria ser a conciliação. O Direito, nesse aspecto, é a força da razão humana em se impor ante à barbárie.

Me pergunto o que deve ter passado na cabeça do Sérgio Vieira de Mello, embaixo dos escombros em Bagdá. Ele próprio era formado em filosofia, e gostava muito desses assuntos. Nunca vou saber, mas sigo me perguntando.

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Estou otimista com relação a esse último plano de paz entre israelenses e palestinos, recentemente apresentado em Genebra, apesar de ver com muito ceticismo alguns pontos (essa estória de Jerusalém como capital conjunta não dá muito certo...)

Só gostaria de saber porque a imprensa fala tanto sobre o "segundo muro de Berlim" que está sendo construído por Israel, quando se sabe que ele é só 3% concreto e 97% cerca - dessas de alambrado de estádio mesmo, me grade, easily removable... mas nunca vi mostrarem a cerca. Só mostram o concreto, e os garotinhos palestinos andando de bicicleta lá.

Pra mim é bem claro que boa parte da imprensa é enviesada, e nem se dá o esforço de entender os efeitos de um ônibus explodindo sobre a vida de todo um povo. O problema da guerra em Israel é político, e por isso muito mais complexo do que esse maniqueísmo estúpido da mídia. Depois falo melhor disso.

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RAFA @ 10:35 tic-tac-tic-tac

terça-feira, dezembro 2

Alguém aí quer me fazer o favor de dizer o que dois caminhões de bombeiros estavam fazendo hoje na biblioteca? Não entendi nada...

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Pois é, o primeiro dia de quase-férias. Acho que hoje foi minha última aula na graduação, uma palestra com um professor de Cuba, em um auditório na biblioteca que eu nem sabia que existia, mesmo depois de 4 anos baixando naquela joça. Estranho notar como se aprende até o último segundo...

Fiquei sem internet, mas estou escrevendo os posts mesmo assim. Quando voltar eu baixo tudo no blog.

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Ontem, quando estava indo pegar o elevador pra sair lá do MD, aconteceu uma coisa muito esquisita. Como que num passe de mágica, a Semper Fidelis começou a tocar na minha cabeça. Essa é a marcha militar preferida do meu pai, e minha também. Por um segundo tive a impressão de que meu trabalho por lá foi em prol de uma causa maior... sei lá, um burocrata a serviço do país, tipo.

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Esquisito mesmo foi o Arthur ter viajado no Air Force One brazuca... um amigo nosso tinha ligado da Base Aérea oferecendo uma carona no avião presidencial, que estava indo pra Recife pegar sua excelência para sua viagem à Síria. Como todo mundo aqui em casa ainda tem coisas a resolver em Brasília, foi só o Arthur.

O que dá raiva é saber que há anos a gente conhece os caras da FAB, e eles nunca arrumaram carona pra gente, em um Bandeirante que seja. Também pudera, os coitados contam os centavos pra fazer patrulha e cumprir missão, são heróis só de conseguir continuar voando com tão pouca grana. Mas aí, quando rola, é o fuckin' Boeing da PR, e só o Arthur vai. Logo ele, que nem tira onda com a cara de ninguém. Deve ter chegado lá em REC dizendo "é a máquina de voar"...

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Não sou cristão. Nem um pouco, na verdade. Mas tenho que admitir que a figura de Jesus causa muito impacto, mesmo para os não-cristãos. Hoje à noite vi uma cena de um filme, que retratava o momento da crucificação. Não tem como não se abalar ao ver, sei lá, deve ser algo embutido no imaginário coletivo, algum ponto fraco bem explorado pela linguagem das massas. Eu realmente não tenho a menor idéia. Creio que a compaixão é algo inerente ao ser humano, principalmente com relação ao sofrimento físico e à morte, mistério último da nossa existência.

O cristianismo não é superior nem mais verdadeiro que nenhuma outra religião, apesar da mídia massificante das igrejas neo-pentecostais (e da própria igreja católica, porque não dizer) insistirem em querer embutir na cultura brasileira que sim. E por algum motivo inexplicável, apesar de nào ler o tanto quanto gostaria sobre religiões, acho que a raiz do cristianismo ainda não foi entendida como deveria ser, nem pelos católicos, nem pelos protestantes, nem pelos ortodoxos, muito menos pelas igrejinhas de galpão. Gosto muito de ler sobre o cristianismo primitivo, dos gnósticos e dos cátaros. Acho que é por aí...

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RAFA @ 09:16 tic-tac-tic-tac

segunda-feira, dezembro 1

Primeiro dia do último mês do ano. Passou voando...

É também o meu último dia aqui no MD. Isso mesmo, estou postando do trabalho, só pra ficar registrado.

Do dia 1o. de agosto de 2002 até hoje foram muitas as emoções aqui na Assessoria Parlamentar. O aprendizado foi intenso, não pelas tarefas que eu desempenhava por si, mas pelo ambiente. Um ministério híbrido de civil e militar, um Congresso Nacional como grande balaio-de-gatos dos interesses organizados do país, uma rotina meio esquizofrênica, ora estável-quase-enfadonha, ora instável e tempestuosa. Mas, antes de tudo, um lugar onde pude formar opiniões melhor embasadas sobre minha área de interesse acadêmico e sobre o panorama político do país, e também encontrar minhas verdadeiras vocações.

Enfim, é mais um ciclo que se completa. Início e fim, são dois lados de uma mesma moeda.

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RAFA @ 06:43 tic-tac-tic-tac